O Brasil encerrou o primeiro trimestre de 2024 com o menor nível de desemprego dos últimos 10 anos e a maior geração de vagas com carteira assinada para o período desde 2021. Os resultados divulgados nesta terça-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Ministério do Trabalho evidenciam o bom momento do mercado de trabalho.
O QUE DIZEM OS DADOS
• Desemprego atinge 7,9% dos brasileiros. A taxa apresentada pela PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) representa que 8,6 milhões ainda buscam por uma colocação profissional. O percentual representa um volume de 800 mil inclusões no mercado de trabalho em um ano. Em março do ano passado, eram 9,4 milhões de desocupados.
• Mercado formal abre 719 mil novas vagas. Os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram as contratações maiores do que as demissões nos primeiros três meses deste ano. O dado, 33,9% maior do que o apurado no mesmo período do ano passado, é maior para o primeiro trimestre desde 2021.
“As duas pesquisas mostram a resiliência do mercado de trabalho nesse período recente. Dadas as condições de restrição monetária que a gente viu aqui, era esperado um cenário muito mais desafiador para o emprego, e o que a gente viu foi justamente o oposto. O mercado de trabalho se fortaleceu e o desemprego vem diminuindo.” – Pedro Lang, economista da Valor Investimentos
• Movimento positivo reflete desempenho da economia. Para os especialistas, o bom ambiente para a geração de empregos também reflete o recente crescimento econômico e a evolução dos grandes setores. Conforme as estimativas mais recentes do mercado financeiro, do governo e do BC (Banco Central), o PIB (Produto Interno Bruto) crescerá pelo menos 1,9% neste ano.
“O Brasil ainda enfrenta desafios devido à sua dependência do ciclo de commodities e às políticas econômicas expansionistas do governo, que apesar de contribuir para redução de desemprego, também ampliam o endividamento público. Há também avanços estruturais importantes, como a reforma tributária, que contribuem para essa melhoria dos cenários.” – Eduardo Reis Araujo, conselheiro do Conselho Federal de Economia
• Leituras distintas escondem cenário positivo. Ao utilizar brs de comparação diferentes, é possível fazer leituras distintas dos dados. Na análise com o trimestre imediatamente anterior, os números da Pnad apontam para uma elevação de 0,5 ponto percentual do desemprego, o equivalente a 542 mil profissionais, Já o Caged traz um volume de contratações 20% menor do que o registrado em fevereiro.
“O movimento sazonal desse trimestre não anula a tendência de redução da taxa de desocupação observada nos últimos dois anos.” – Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE
METODOLOGIAS DIFERENTES
• Ainda que ambos indicadores mostrem um cenário positivo, eles têm brs de cálculo distintas. Enquanto a Pnad traz um recorte mais abrangente sobre a força de trabalho brasileira, o Caged foca apenas nas contratações e demissões com carteira assinada a partir de relatórios entregues mensalmente pelas empresas.
“A Pnad dá mais luz ao trabalhador informal, enquanto o Caged está mais preocupado com o mercado formal de trabalho.” – Pedro Lang, especialista da Valor Investimentos
• A Pnad coleta seus dados a partir de entrevistas. Nos levantamentos são realizadas perguntas a respeito do período trimestral. Sendo assim, para ser considerado desempregado, o trabalhador precisa não ter exercido nenhuma atividade profissional, mas buscado por uma colocação nos três meses que antecedem a coleta.
• O Caged, por sua vez, depende das empresas. Para a confecção do indicador, o Ministério do Trabalho depende das informações sobre contratações e admissões entregues pelos patrões. Com os valores, calcula-se o saldo final de contratações formais por setor e região.
“Embora ambos os indicadores possam mostrar tendências positivas em determinados aspectos do mercado de trabalho, é importante considerar suas limitações e complementaridades para uma compreensão completa da situação do mercado de trabalho brasileiro. “- Eduardo Reis Araujo, conselheiro do Conselho Federal de Economia
Fonte: UOL