É uma tendência mundial: as mulheres estão adiando cada vez mais os planos de ser mãe para ascender na carreira. Segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de mães acima dos 30 anos já representam cerca de 37,5% no país.
De olho neste comportamento e como forma de reter talentos entre a mão de obra feminina, empresas brasileiras estão começando a oferecer o congelamento de óvulos entre os benefícios trabalhistas.
O Grupo Fleury, que anunciou em abril uma fusão com o Hermes Pardini, tem o programa de saúde corporativa “Viver Melhor” desde 2013, que atende atualmente 26 mil pessoas. As mulheres representam cerca de 80% do quadro de funcionários da empresa.
A iniciativa oferece serviços às gestantes, mas também engloba procedimentos de fertilização, como congelamento de óvulos, embriões e espermatozoides, além de fertilização in vitro.
Funcionárias que queiram congelar os óvulos ganham um desconto de 40% na própria empresa. Na Fleury Fertilidade, o serviço sai para as colaboradoras por R$ 5.550 (o preço total é de R$ 8.550). Além disso, a empresa cobre totalmente procedimentos de planejamento familiar, como colocação de DIUs, histeroscopias, vasectomia e varicocele, com investimentos na casa dos R$ 500 mil.
“É uma ferramenta de acolhimento, atração e retenção dos nossos colaboradores. Temos como premissa a visão da saúde integral que possa proporcionar saúde e bem-estar para nossas pessoas, e isso se reverte em melhoria de clima de trabalho e garantia da segurança psicológica dos colaboradores”, afirma Afrânio Haag, diretor de Pessoas e Cultura do Grupo Fleury.
Já a Meta, empresa responsável pelo WhatsApp, Instagram e Facebook, tem um programa especial desde julho de 2022, por meio de um parceiro global, a Carrot Fertility. Sem divulgar o valores, a empresa informou à reportagem de O Tempo que os colaboradores têm um valor vitalício, que pode ser usado para despesas com consultas, diagnósticos e exames recomendados por médicos.
Este montante pode ser utilizado para procedimentos na preservação da fertilidade e armazenamento de tecidos, tratamentos de reprodução assistida e prescrições de medicamentos relacionados ao processo de fertilidade. O benefício é estendido para todos os funcionários e também aos seus parceiros ou parceiras.
O Mercado Livre, por sua vez, implementou em 2018 o benefício de preservação dos óvulos para as suas colaboradoras. Desde 2019, cerca de 20 mulheres usaram o benefício. Atualmente, a empresa conta com 49% de mulheres no seu quadro de cerca de 19 mil funcionários. Elas estão em 39% das posições de liderança, a partir de supervisão e 37% das posições de alta liderança, a partir de gerente sênior.
Podem acessar o benefício mulheres a partir dos 33 anos, que é a idade mínima recomendada por especialistas, e com, pelo menos, um ano de empresa. A partir dessas premissas, a colaboradora preenche um formulário e indica o médico e a clínica de sua preferência, que são avaliados e cadastrados. O Mercado Livre paga até 75% do custo do procedimento, com teto de até US$ 3,5 mil dólares (R$ 17,4 mil), e a colaboradora arca com a manutenção do acondicionamento na clínica escolhida.
Mônica Rosenburg, gerente de Recompensas do Mercado Livre no Brasil, explica que além do congelamento de óvulos, a empresa oferece outros benefícios para apoiar as colaboradoras em diferentes momentos e contextos familiares. “Um exemplo é o soft landing, uma iniciativa pensada para facilitar a adaptação ao trabalho depois da licença maternidade. Com esse benefício, as mães do Mercado Livre contam com uma jornada flexível durante o 1° ano de seu bebê sem redução da remuneração. Depois do 1º ano do bebê e até os dois anos, as mães contam com a possibilidade de distribuir o home office no transcurso da semana, para poder ingressar mais tarde ou sair antes, e contar com essa flexibilidade para poder cobrir a visita ao médico, a adaptação à escola, etc”, detalha.
O benefício é exclusivo para colaboradoras e não se estende às esposas dos colaboradores.
Fonte: O Tempo