O sindicato de atores de Hollywood anunciou nesta quinta-feira (13) que a negociação com os estúdios americanos para evitar uma paralisação da indústria terminou sem acordo, o que torna iminente uma greve entre os intérpretes.
O Screen Actors Guild (SAG-AFTRA), que representa cerca de 160 mil artistas, incluindo grandes estrelas de cinema, como Meryl Streep, Jennifer Lawrence e Glenn Close, afirmou que as negociações não atenderam suas demandas sobre aumentos salariais e a ameaça representada pelo uso de Inteligência Artificial (IA) na produção de filmes e programas de televisão.
Os negociadores sindicais já recomendaram por unanimidade uma greve ao comitê nacional, que deve votar na manhã desta quinta-feira se deve prosseguir com a ação, de acordo com um comunicado do sindicato.
Os roteiristas estão em greve há mais de dois meses, com piquetes nas portas de estúdios e plataformas de streaming como Disney e Netflix.
Em caso de greve dos atores, a indústria de Hollywood iniciaria uma paralisação que não acontece desde a década de 1960, o que implicaria uma suspensão quase total de filmes e produções televisivas americanas.
Alguns reality shows, animações e programas de entrevistas podem continuar. Mas as séries dramáticas e outras atrações enfrentarão atrasos. E caso as greves sejam prorrogadas, as próximas produções também serão suspensas. De acordo com a “Variety”, as equipes já se preparam para interromper as filmagens de “Gladiador 2” e “Mortal Kombat 2”, por exemplo.
“Estamos muito desapontados que o SAG-AFTRA tenha decidido abandonar as negociações. É uma decisão do sindicato, não nossa”, declarou a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) na manhã desta quinta-feira.
Em junho, um grupo de mais de 400 atores — incluindo os vencedores do Oscar Meryl Streep, Jennifer Lawrence e Rami Malek — pediu aos líderes do Sindicato dos Atores de Hollywood (SAG-AFTRA) que adotem uma “linha mais dura”, uma vez que as negociações contratuais, segundo eles, já haviam atingido um “ponto crítico”. Eles têm reivindicado questões que vão desde salário mínimo até saúde.
No início de junho, os membros do sindicato votaram para autorizar a greve caso o comitê de negociação não chegasse a um acordo sobre o novo contrato com os principais estúdios de Hollywood até 30 de junho. O prazo foi prorrogado, mas agora se esgotou. Naquela semana, o presidente da organização, Fran Drescher, divulgou um vídeo em que disse estar conseguindo avanços importantes.
A mensagem, no entanto, não agradou muitos atores, que já pediam que não fossem aceitos acordos que não representassem todas as suas demandas.
“Esperamos que você tenha ouvido nossa mensagem: este é um ponto de inflexão sem precedentes em nossa indústria, e o que pode ser considerado um bom negócio em qualquer outro ano simplesmente não é suficiente agora”, disse a carta, divulgada pela imprensa internacional. “Sentimos que nossos salários, nosso ofício, nossa liberdade criativa e o poder de nosso sindicato foram prejudicados na última década.”
Na ocasião, faltavam apenas alguns dias para que contratos com estúdios, streamers e produtoras de Hollywood terminassem. Todos que assinaram a carta disseram que estavam “preparados para atacar se for o caso”.
Fonte: O Globo